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15.9.25

Inteligência Artificial e Poder: Qual a Verdade que pode estar por Trás do Medo em Relação às Novas Tecnologias

Monica Leite Psicologa e Cristã

Psicologia Social Crítica e o desafio da democratização tecnológica

Descubra como a Inteligência Artificial impacta o acesso ao conhecimento e os desafios éticos e sociais envolvidos, sob a ótica da Psicologia Social Crítica.

Inteligência Artificial e Poder: Qual a Verdade que pode estar por Trás do Medo em Relação às Novas Tecnologias

A revolução do acesso à informação

Com a chegada dos buscadores digitais e, depois, dos celulares com internet, o mundo viveu uma verdadeira revolução no acesso à informação.

De repente, o conhecimento deixou de estar restrito às bibliotecas físicas, às universidades e a um pequeno grupo de especialistas que se colocavam como os “donos da verdade”.

Essa mudança, no entanto, não aconteceu sem resistência. Muitos acadêmicos e setores da sociedade criticaram essa democratização, alegando que ela poderia banalizar o conhecimento ou facilitar a desinformação.

Hoje: a ascensão das Inteligências Artificiais (IAs)

O que aconteceu com os buscadores digitais está se repetindo agora com as Inteligências Artificiais.

Assim como os buscadores no passado, as IAs rompem estruturas tradicionais de poder, pois ampliam drasticamente as formas de produzir, acessar e compartilhar conhecimento.

Sob a perspectiva da Psicologia Social Crítica e Histórica, entendemos que nenhuma tecnologia é neutra

Cada inovação se insere em relações sociais, históricas e de poder, e é justamente por isso que a chegada das IAs gera polêmicas:
  • Não é apenas um debate técnico, mas também político, ético e cultural.
  • O que está em jogo é quem controla e define o acesso a essa tecnologia.

O risco da exclusão digital e intelectual

É fundamental estabelecer responsabilidade ética, ambiental, marcos legais e critérios claros de uso para qualquer tecnologia de grande impacto.

Mas existe um risco: o discurso do “perigo” pode ser usado como ferramenta de controle e exclusão.

Se restringirmos o acesso à IA apenas a elites acadêmicas, empresariais ou governamentais, repetiremos as mesmas desigualdades históricas que já conhecemos.

Isso vai contra a própria essência da democratização do conhecimento e dos valores defendidos pela Psicologia Social Crítica.

Educar para o uso crítico: o verdadeiro desafio

O verdadeiro desafio não é proibir ou limitar a IA, mas educar para seu uso crítico e consciente.

Isso significa:

  • Incentivar consciência social e coletiva sobre os impactos da tecnologia.
  • Promover acesso democrático, com oportunidades para todos.
  • Criar condições para que o conhecimento gerado com IA sirva à emancipação, e não à dominação.

Assim como a internet transformou como aprendemos, ensinamos e nos relacionamos, a IA pode ser uma ferramenta de transformação social profundadesde que o debate seja aberto, coletivo e inclusivo.

Um futuro que precisa ser coletivo

A Inteligência Artificial não é o fim da autonomia humana, mas um convite à reflexão coletiva sobre o tipo de sociedade que queremos construir.

Se usada de forma democrática e ética, ela pode quebrar barreiras históricas de exclusão e desigualdade.

Mas se controlada por poucos, pode se tornar mais uma ferramenta de dominação.

O caminho, portanto, é debater, educar e democratizar, para que a tecnologia esteja a serviço da liberdade e da justiça social — pilares defendidos pela Psicologia Social Crítica e Histórica.

🔍 Fontes para pesquisa

  • BRYNJOLFSSON, Erik; McAFEE, Andrew. A Segunda era das Máquina

O livro foi publicado em 2014 e trata de como a tecnologia digital, especialmente a inteligência artificial e a automação, está transformando radicalmente a economia, o trabalho e a sociedade. Os autores chamam este período de “Segunda Era das Máquinas”, em contraposição à Revolução Industrial (a “Primeira Era das Máquinas”), que mecanizou tarefas físicas. A ideia central é: não estamos apenas melhorando máquinas; estamos vivendo um salto exponencial na capacidade tecnológica, que cria oportunidades enormes, mas também sérios desafios. Computadores, IA, algoritmos e redes digitais estão crescendo de forma exponencial, permitindo fazer coisas que antes eram exclusivas de humanos, como análise de dados complexos ou decisões estratégicas. Diferente da Revolução Industrial, essa tecnologia afeta trabalho intelectual e criativo, não só físico. A automação está substituindo tarefas repetitivas, mas também criando novas oportunidades em áreas que exigem criatividade, inovação e colaboração. Surge um dilema: desigualdade de renda entre quem consegue se adaptar às novas tecnologias e quem não consegue. Impacto econômico e social. O futuro exigirá aprendizado contínuo, criatividade, pensamento crítico e colaboração. Brynjolfsson e McAfee defendem que a tecnologia em si não é boa nem ruim. O impacto depende de como a sociedade, governos e empresas a utilizam. Quem consegue se adaptar e usar a tecnologia de forma estratégica terá enormes vantagens. Quem não se adaptar corre o risco de exclusão econômica e social. É a promessa de abundância, mas também o desafio de não deixar ninguém para trás.
  • CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação.

Publicado em 1996, o livro faz parte da trilogia “A Era da Informação” e examina como as redes de informação estão transformando a sociedade, a economia e o poder. Castells introduz o conceito de “sociedade em rede”, na qual o fluxo de informações e conexões digitais redefine relações sociais, políticas e econômicas. A premissa central é: vivemos numa sociedade organizada não mais por hierarquias fixas, mas por redes flexíveis de comunicação e poder, impulsionadas pela tecnologia da informação. Redes substituem hierarquias tradicionais como estrutura dominante. Empresas, governos e comunidades estão cada vez mais interconectados através da informação digital, e a eficácia depende da capacidade de integrar-se nessas redes. Informação e conhecimento são os recursos mais valiosos da economia contemporânea - “informação como poder”, mostrando que quem controla fluxos de dados tem influência estratégica. Redes conectam o mundo globalmente, mas criam desigualdades regionais e locaisMudanças nas redes de comunicação alteram a forma como as pessoas se organizam, trabalham e se relacionam. Cultura, política e identidade são impactadas por redes digitais, criando novas formas de mobilização social.

  • FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder.

Publicado em 1979, “Microfísica do Poder” uma coletânea de aulas e palestras de Foucault sobre o funcionamento do poder na sociedade. O foco principal é como o poder não se concentra apenas em instituições formais (como o Estado ou o governo), mas se exerce em pequenas interações e práticas cotidianasA premissa central é: o poder está em toda parte, porque ele se manifesta nas relações sociais e nos comportamentos individuais, e não apenas em grandes decisões políticas ou econômicas. O poder não é apenas algo que alguém possui e exerce de cima para baixo. Ele se manifesta em microinterações, regras sociais, normas culturais e práticas de disciplina. Quem define o que é verdade, conhecimento ou normalidade também exerce poder, como a medicina, psicologia e ciência produzem categorias que legitimam o controle social. O poder se exerce através da observação constante, não necessariamente pela força. Foucault usa o exemplo do Panóptico (prisão projetada para que os presos nunca saibam quando estão sendo observados) como metáfora da sociedade moderna. Onde há poder, há resistência. O poder não é apenas um trono ou uma lei; ele se esconde nos olhares, nos hábitos e nas palavras. Onde alguém observa, disciplina ou nomeia, o poder se insinua — e sempre há espaço para a resistência silenciosa.

  • HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21.

Publicado em 2018, o livro é uma reflexão sobre os desafios mais urgentes que a humanidade enfrenta no século XXI, especialmente em termos de tecnologia, política, sociedade e ética. Harari combina história, filosofia e ciência para analisar como o progresso tecnológico, incluindo a inteligência artificial, está transformando o mundo. A premissa central é: vivemos um período de mudanças rápidas e profundas, e é crucial entender como nos adaptar a um mundo de incertezas, informação massiva e riscos globais. Inteligência artificial e biotecnologia podem superar habilidades humanas em várias áreas. Questões éticas surgem sobre controle de dados, manipulação genética e impacto da automação no trabalho. O excesso de informação exige pensamento crítico para distinguir verdade de mentira. Redes sociais e algoritmos podem manipular opiniões e decisões políticas. Valores antigos são desafiados por mudanças tecnológicas e científicas. Aprender a lidar com incertezas, ambiguidade e complexidade é fundamental. Educação, adaptação e aprendizado contínuo são essenciais para sobreviver e prosperar. Harari propõe uma reflexão sobre como usar o conhecimento e o poder para o bem coletivo. Já que o século XXI é definido por velocidade, complexidade e interconexão. O futuro depende de nossa capacidade de entender a tecnologia, proteger os valores humanos e agir com ética e consciência coletiva. Ele alerta: quem não se adapta às novas realidades arrisca ficar à margem da sociedade.

  • VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente.

Publicado em 1934, “A Formação Social da Mente” é uma obra clássica da psicologia e da pedagogia que apresenta a teoria sociocultural do desenvolvimento humano. Vygotsky argumenta que o desenvolvimento cognitivo não ocorre isoladamente, mas é influenciado pelas interações sociais, cultura e linguagem. A premissa central é: a mente se forma e se transforma por meio das relações com outras pessoas e pelo uso de ferramentas culturais, como a linguagem, os símbolos e os sistemas de conhecimento. O aprendizado acontece através da interação com o meio cultural e com pessoas mais experientes. Ferramentas culturais, como livros, números, linguagem e tecnologia, mediacionam o desenvolvimento da mente. A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é sobre à diferença entre o que a pessoa consegue fazer sozinha e o que consegue fazer com ajuda de alguém mais experiente. A educação eficaz se baseia em trabalhar dentro dessa zona para estimular crescimento cognitivo. Habilidades como raciocínio, memória e atenção são socialmente construídas, e não apenas maturacionais. O desenvolvimento depende da participação ativa em práticas sociais e culturais. A linguagem é uma ferramenta essencial para organizar o pensamento e a aprendizagem. A mente humana é como uma árvore que cresce guiada pelo solo da cultura e regada pelo diálogo; sozinha, não alcança seu pleno florescimento, mas com outros e com ferramentas certas, alcança alturas inimagináveis.

Mônica Leite
Psicóloga CRP/SP 0691797
Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Neurociências
Gran Master em Neuropsicologia Clínica, Hipnose e Saúde Emocional
Criadora do programa Peso Feliz – Emagrecimento Consciente, Saudável e Sustentável e Mulher Digna - Fé e Renda no Digital

Nota de transparência:
Esta pesquisa inicial foi realizada por mim, e contei com o apoio de inteligência artificial para organizar o conteúdo e estruturar o texto. Todo o material foi revisado antes da publicação. Caso identifique qualquer informação incorreta ou desatualizada, entre em contato para podermos corrigir prontamente.

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